Apologia de socrates
Na Bíblia, são descritos casos dessa doença infectocontagiosa que atacava principalmente a pele, os olhos e os nervos. As deformidades que provocava eram motivo para seus portadores serem excluídos do convívio social. Considerada castigo dos deuses, os doentes eram recolhidos em leprosários, onde ficavam até morrer. Ou, sem socorro nem tratamento, perambulavam pelas ruas com o rosto e o corpo cobertos por andrajos, pedindo esmolas com uma latinha amarrada na ponta de uma vara para esconder as mãos deformadas pela doença.
Ao longo dos tempos, a hanseníase foi uma moléstia estigmatizante. Na história da humanidade, poucas doenças foram cobertas por manto de ignorância tão espesso. O preconceito era tanto que o nome lepra (lepros em grego não quer dizer nada além do que manchas na pele), utilizado no passado, assustava as pessoas e as mantinha à distância dos pacientes.
Mais tarde, quando Hansen descobriu o bacilo que causava a doença, ela passou a ser conhecida como hanseníase, uma doença como tantas outras provocadas por bactérias e que, graças ao avanço da ciência, hoje tem cura.
AGENTE ETIOLÓGICO
Drauzio – Em que época foram descritos os primeiros casos de hanseníase?
Vitor Manoel Silva dos Reis – Remontam aos primórdios da humanidade os relatos de casos de lepra, nome pelo qual se conhecia a hanseníase e que, ainda hoje, é empregado na língua inglesa. Essa doença sempre foi estigmatizante e seus portadores eram sumariamente alijados da sociedade.
No início, qualquer doença dermatológica era chamada de lepra. Segundo experts no assunto, a psoríase também era conhecida como lepra, e era tão estigmatizante quanto a hanseníase por causa das lesões que produzia na pele. Só muito mais tarde, foi