Apologia da História

MANAUS – AMAZONAS
16/09/2013

Capítulo II
A observação histórica
1. Características gerais da observação histórica O passo seguinte é o da observação histórica. Se pretendemos estudar o passado para compreender o presente, temos de buscar estes ‘instrumentos’ de navegação, já que jamais poderemos tocar o passado, a não ser indiretamente (ah, se tivéssemos uma máquina do tempo!). Nisto, há um problema, já que essas testemunhas dos fatos históricos (quase sempre) não estão mais entre nós. Temos de buscá-las nos velhos relatórios de guerras, nos arquivos governamentais, nos depoimentos dos condenados à Inquisição. E mesmo assim, sempre teremos a visão de um lado do evento. Numa guerra, por mais que o General tenha imediatamente relatado os fatos que assistiu, jamais poderá expressar a visão de um único soldado do ‘front’. Nem sequer ambos poderão mostrar a guerra na visão de seus inimigos. Recentemente, o cinema trouxe uma ‘luz’ a este problema, nos filmes dirigidos por Clint Eastwood, ‘A Conquista da Honra’ (2006) e ‘Cartas de Iwo-Jima’ (2007). Enquanto o primeiro fala da Segunda Guerra Mundial (1939/45) do ponto de vista dos americanos, o segundo busca a visão dos japoneses. Não é à toa que muitos dos historiadores da escola dos Annales crêem que o cinema e a literatura têm muito a contribuir à história. Nesta busca do passado, o historiador não fica totalmente ‘à mercê’ do que é dado. Ele pode interferir através de suas escolhas, da orientação de seu olhar, da pesquisa associada a outras disciplinas, como Bloch já preconiza na Introdução de sua obra. Os historiadores positivistas viam nos documentos, e mais, apenas nos documentos oficiais (dos governos, da Igreja ou dos militares) a possibilidade de investigação histórica ‘científica’, à procura de uma ‘certeza’ que na verdade, não existe. Bloch diz que não é verdade que o historiador esteja condenado a saber dos fatos somente através dos relatos de um