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"Duas universidades da Finlândia desenvolveram uma pesquisa com pessoas expostas a corpos vestidos e nus. A conclusão do estudo foi que o cérebro responde mais rápido a imagem das pessoas peladas. A conclusão final da pesquisa confirma uma obviedade milenar: a maior parte das pessoas gosta de ver imagens de corpos nus ou, pelo menos, corpos parcamente cobertos.
Porque então que toda nudez ainda é condenada?
Não há nada mais natural e conhecido que o corpo humano, e, ainda assim, nada parece ser mais chocante e incompreendido do que este mesmo corpo quando está despojado das convenções.
Os julgamentos surgem instantaneamente. Não é a primeira vez que o nu choca, o corpo vivo, com desejos, pensamentos e fluxos, sempre foi o pesadelo dos conservadores. Fonte de medo e culpa. Por isso, constantemente alvo de normalizações sociais e simbólicas.
O mais contraditório (ou hipócrita) da nossa sociedade, no entanto, é a aceitação de outras formas de nudez, como aquela em que o corpo vira produto de consumo. A industrialização do corpo não causa comoção exatamente porque se exibe o corpo como objeto para o olhar invasivo e apossador do outro enquanto consumidor. Ou seja, a nudez ganha ares de aceitável e tolerável.
Os mesmos que esperneiam horrorizados contra o “atentado ao pudor” promovido pelos manifestantes sem roupas são os que “comem”, invadem e despem com os olhos os corpos cobertos das mulheres nas ruas.
Portanto, vamos nos libertar do moralismo da nossa mente sobre nossos corpos e protestar com o mais recorrente objeto simbólico e político do homem e da cultura: o corpo humano."