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15/05/2013 - 15:18
O berço do Big Data
A monumental abundância de dados, sua variedade e a velocidade com que trafegam no universo digital estão revolucionando a civilização
André Petry
Há uma década, a Target, a gigantesca loja de departamentos com 1 800 pontos de venda nos
Estados Unidos, atribuiu um número a cada um dos seus milhões de clientes e passou a rastrear e armazenar todas as pegadas digitais deixadas por eles: produtos preferidos, hábitos de consumo, média de gastos, uso de cupons, cartão de fidelidade. Somou a isso dados demográficos de cada um deles, adquiridos em empresas do ramo: sexo, idade, profissão, local de moradia, estimativa de renda. Contratou estatísticos para analisar essas informações e montou um retrato preciso do padrão de consumo de cada cliente. Um dia aconteceu um incidente. Um senhor entrou esbravejando numa loja da Target em Minnesota. Trazia nas mãos cupons de produtos para bebês. "Minha filha recebeu isto aqui pelo correio", reclamou o senhor para o gerente. "Ela é uma adolescente. Vocês estão querendo estimulá-Ia a engravidar?" O gerente conferiu a remessa dos cupons e, constrangido, pediu desculpas. Dias depois, com receio de perder o cliente, telefonou para ele a fim de desculpar-se outra vez. O pai da adolescente estava desconcertado do outro lado da linha: "Tive uma conversa com a minha filha. Fiquei sabendo de algumas coisas que estavam acontecendo dentro da minha casa". Respirou fundo e completou: "Ela vai dar à luz em agosto...".
O caso, narrado por Charles Duhigg no livro O Poder do Hábito, virou um clássico do Big Data o nome em inglês usado para definir a tectônica quantidade de dados e informações que produzimos no mundo digital. É uma tal profusão de dados que, em quinze minutos, a humanidade gera o triplo de informações disponíveis no acervo da Biblioteca do Congresso americano, a maior do mundo. A era do Big Data só se materializou com a confluência de alguns fatores. Caiu o