Apartheid
Apartheid quer dizer "separação" em africâner (língua sul-africana constituída de holandês do século XVII misturado com outras línguas européias e pelo menos duas africanas). É o nome que se deu à legislação sul-africana pela qual a classe dominante de brancos descendentes dos colonizadores holandeses (os bôeres) passou a exercer completo domínio sobre o estado e a sociedade nacionais, só concedendo acesso à cidadania aos outros brancos, asiáticos (três por cento) e mestiços (nove por cento), os dois últimos grupos em termos praticamente inexpressivos.
O apartheid, portanto, não foi um mero racismo, pois se constituiu num sistema social, econômico e político-constitucional que visava barrar a integração étnica na África do Sul.
Do ponto de vista político, o apartheid criou uma espécie de aristocracia branca baseada numa rígida hierarquia de castas raciais, para as quais havia uma relação direta entre a cor da pele e as possibilidades de acesso à cidadania e à propriedade.
Os negros (setenta por cento) não tinham direito a voto ou a representantes no legislativo. Também lhes era negado o direito à propriedade urbana; a casamento ou mesmo relação sexual com parceiro branco; a circular fora dos territórios delimitados para sua ocupação pelo governo (a não ser com passes especiais); e a exercer ofícios, cargos ou profissões que não fossem os consentidos pelas autoridades.
As raízes do apartheid foram, basicamente, duas:
os interesses de exploração econômica do país pelos afrikaner; e a necessidade de controlar a força de trabalho negra nativa e dos imigrantes indianos.
A legitimação ideológica da superioridade do "volk" (povo) bôer foi promovida pela Igreja Reformada Holandesa, que atribuía a Deus a escolha dos afrikaner como dominantes.
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