Ap S Um Jejum De Quase 30 Anos
As criaturas de Marajó em prosa trabalhada e lavrada
O primeiro título deste conjunto — que o filósofo e crítico literário Benedito Nunes chamou de “ciclo romanesco” — é “Chove nos campos de Cachoeira”. O livro, que também é considerado o primeiro romance amazônico moderno, recebe agora uma nova edição. Com grande força e intensidade narrativa, e marcado pela influência da segunda geração do romance modernista no Brasil, esta obra faz mais do que pintar quadros da vida singular de quem a escreveu. Dalcídio Jurandir descreve o horizonte amazônico a partir de vivências regionais, o contexto humano e geográfico com a pluralidade de suas imagens, suas elaborações linguísticas típicas, a cultura e, até mesmo, as concepções sociopolíticas que perpassam esta mundividência.
“Chove nos campos de Cachoeira” foi originalmente publicado em 1940. A obra se ambienta em Cachoeira do Arari, lugarejo no qual habita Alfredo, personagem que se identifica paradigmaticamente com a gente que povoa a Amazônia paraense rural. O romance retrata com plasticidade a existência humilde e agreste de personagens que são pequenos proprietários de terra, campeadores, pescadores, barqueiros, empregados das fazendas, enfim, a matéria humana