Análise

1. INTRODUÇÃO
A grande movimentação de massas tal qual a conhecemos é um fenómeno relativamente recente. Como salienta Neves, “a Segunda Guerra Mundial introduziu uma nova dimensão no quadro trágico das invasões, dos êxodos, das deportações, da deslocação de populações. Enquanto os sobreviventes da Guerra de 1914-1918 tinham regressado às suas aldeias e se tinham reagrupado em torno dos seus monumentos aos mortos, os Europeus das décadas de 1950 e 1960 são engolidos pela mobilidade.” (1994: 49). Aos círculos tradicionalmente fechados das sociedades rurais, chegam agora ecos do exterior. A solidariedade grupal é substituída pela curiosidade daquele exterior longínquo e desconhecido. Durante séculos, as pessoas passavam grande parte da sua vida, senão mesmo toda, em determinado lugar. Após a constatação da possibilidade de deslocação em massa, dezenas, senão centenas de milhar de pessoas rumam em direcção aos novos centros urbanos. A indústria automóvel ganha vada vez mais relevo.
E em Portugal, este movimento também se fez sentir?
Muito embora o constante atraso estrutural que o nosso País sempre demonstrou, em relação a outros países, este movimento de massas foi sentido e serviu sobretudo como alavanca e força motriz para a transformação de uma sociedade rural numa sociedade urbana. Por acção deste movimento ”milhares de pequenas aldeias e localidades foram tradicionalmente abandonadas, tendo-se registado agrupamento populacional nas pequenas cidades e, sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.” (BARRETO, 2007: 05)
É sobre toda a problemática da litoralização e da desertificação do nosso país que vamos centrar a nossa atenção, erstabelenco pontes de ligação entre consequências, causas e apresentando possíveis soluções.

2. LITORALIZAÇÃO E DESERTIFICAÇÃO – O QUE SÃO E O QUE REPRESENTAM Por litoralização queremos significar o processo de progressiva concentração de actividades e de pessoas aolongo da faixa do litoral, sem que o interior