ANÁLISE E COMENTÁRIO: Doença do corpo, doença da alma: Medicina e Filosofia na Grécia Clássica
Graduação em Medicina
Daniel Anacleto de Barcelos Coura
ANÁLISE E COMENTÁRIO: Doença do corpo, doença da alma: Medicina e Filosofia na Grécia Clássica
Betim
2014
Em sua obra Timeu, Platão relata a importância do equilíbrio entre os quatro elementos fundamentais da matéria no processo saúde-doença, diferindo dos médicos hipocráticos no que diz respeito à função dos humores, antes considerados como principais responsáveis pelo aparecimento de quadros nosológicos, e agora representando apenas um papel secundário na fisiopatologia. Sendo assim, apesar de fazer o uso da nomenclatura de humores como o flegma e a bile, para o filósofo esses não são tidos como componentes naturais do corpo, mas como produtos da decomposição dos tecidos que deveriam ser, portanto, eliminados. Apesar de sua importante contribuição para a explicação das doenças que acometiam o corpo, um dos principais fatores que destacou Platão em relação aos hipocráticos foi o fato de ter atribuído à alma a hegemonia sobre o corpo, conferindo a essa a causa da doença e admitindo, por consequência, a doença da alma. Além disso, é relevante ressaltar o aspecto relativo à acepção dos conceitos de saúde e doença para os médicos hipocráticos e para Platão. Para os primeiros, a expressão nosológica se limitava apenas ao plano corpóreo e físico, sendo então necessário tratar os sintomas relativos apenas àquilo que era orgânico. Em Platão, no entanto, surge a reflexão acerca da relação intrínseca entre corpo e alma, bem como a importância do equilíbrio entre ambos e a necessidade do tratamento desse conjunto para se alcançar o conceito pleno de saúde. Sendo assim, não seria possível se pensar as doenças relativas ao corpo ou à alma separadamente, uma vez que as doenças do corpo afetam a alma e vice-versa. Para Platão, a possibilidade de adoecimento da alma se dá a partir do momento em que essa passa a