Análise - A menor mulher do mundo, Clarice Lispector
O explorador, diante do inominável, realiza o primeiro ato violento do amor, ao nomear a mulher de Pequena Flor. O medo pelo desconhecido e o constrangimento com o que não podia entender fez com que o explorador limitasse a natureza da pequena mulher à partir do que podia entender.
O conto mostra que a raridade e absurdez da Natureza é potencializadora do amor e do desgosto. “Seu coração bateu porque esmeralda nenhuma é tão rara. Nem os ensinamentos dos sábios da Índia são tão raros. Nem o homem mais rico do mundo já pôs olhos sobre tanta estranha graça. Ali estava uma mulher que a gulodice do mais fino sonho jamais pudera imaginar.” “Nesse domingo, num apartamento, uma mulher, ao olhar no jornal aberto o retrato de Pequena Flor, não quis olhar uma segunda vez "porque me dá aflição"”.
A desumanização e objetificação do diferente fica explícita quando certa mãe se empolga com a possibilidade de tê-la como empregada: “Imagine só ela servindo a mesa aqui de casa! E de barriguinha grande!”
Uma menina de 5 anos reconhece, ao ver o retrato de Pequena Flor e os comentários dos adultos, a tirania do amor, ao qual era submetida por ser pequenina.
Outro menino deixa explícito o desejo de possuir e dominar do homem, quando diz: “ Mamãe, e se eu botasse essa mulherzinha africana na cama de Paulinho enquanto ele está dormindo? quando ele acordasse, que susto, hein! que berro, vendo ela sentada na cama! E a gente então brincava tanto com ela! a gente fazia ela o brinquedo da gente, hein!”
A mãe, então, se recorda de uma história que