Análise - um corpo que cai
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Um dos filmes mais marcantes na obra do diretor Alfred Hitchcock, Vertigo (1958) trata com maestria as relações humanas sob o ponto de vista encorpado de mistério do mestre da sétima arte. Logo na abertura do filme (assinada pelo designer Saul Bass), somos presenteados com uma anunciação do que vem a seguir: a vertigem de cair no poço de si. O filme é repleto de metáforas, e o mergulho psicológico que o diretor adota como tema no filme é exteriorizado pela acrofobia do detetive John “Scotty” Ferguson. Como em toda obra de Hitchcock, a grandiosidade está na forma de contar a história: ao invés dos diálogos, são os planos, os quadros e a trilha que conduzem a história. E é através da linguagem cinematográfica clássica que o diretor constrói o filme. Hitchcock constrói a história e emprega um ponto de vista através do uso planejado da câmera. Segundo Marcel Martin1, A câmara tornou-se móvel como o olho humano, como o olho do espectador ou como o olho do herói do filme. A câmara é então uma criatura em movimento, activa, uma personagem do drama. O realizador impõe os diversos pontos de vista ao espectador. O uso da câmera da forma descrita por Martin é bastante evidente no filme. Um exemplo claro é a trucagem realizada por Alfred para representar a sensação de vertigem do personagem. O movimento de câmera coloca o espectador no lugar de Scotty, fazendo com que a sensação seja compartilhada com o leitor. Outra característica importante da linguagem clássica é o corte disfarçado. De acordo com Ismail Xavier2, há um modo normal, ou natural, de se combinar imagens (justamente aquele apto a não destruir a ‘impressão de realidade’). (…) Se há um corte em meio a um gesto de uma personagem, toma-se todo o cuidado para que o momento do gesto correspondente ao fim do primeiro plano seja o instante inicial do segundo, resultando na tela uma apresentação contínua da ação. (…) A decupagem será feita de modo a que os diversos pontos de vista respeitem determinadas regras de