Análise sobre o sertão brasileiro
O presente texto tem por objetivo analisar a imagem simbólica do sertão brasileiro suas representações e estereótipos. Porque, quando se fala em sertão, atribuímos o termo a um lugar onde a pobreza e a seca são fenômenos predominantes, grande parte da população é negra e analfabeta.
Muitos intelectuais constroem suas análises de representações socioculturais interioranas sob a ótica dos processos teóricos da matriz dualista, base teórico-interpretativa sobre o sertão e o litoral. Essa matriz dualista surgiu no início do século XX, nessa mesma época começaram os esboços sobre o sertão, como um lugar incivilizado e distante do progresso. A representação discursiva do sertão produzida a partir dessa ideia de dualidade tradicional e moderno se acentuaria numa referência paradigmática do contraste entre o litoral e o sertão. Célia Nonato da Silva e Maria Fabiana L. Carneiro, no texto “O estranho sertão da Primeira República”, cita alguns símbolos que construíram a imagem do sertão, como Lampião e a figura do coronel, perpetuando a cultura do medo e da violência, opostos ao comportamento da modernidade e da civilidade. Citam alguns autores que representam o sertão em suas obras, como Sério Buarque de Holanda em Raízes do Brasil, assim como Gilberto Freire em Casa grande e senzala; Monções; O extremo oeste.
Eurico Alves também fala dessa sertanidade fazendo exaltação poética do sertão como uma base epistemológica forte, com uma representação positiva buscando a verdade histórica, procurando inscrever positivamente o sertão, seus vaqueiros e fidalgos no mapa simbólico da Bahia e do Brasil como um lugar civilizado. No texto “Ser-tão baiano: a baianidade e a sertanidade no jogo identitário da Cultura baiana,” Claudia Pereira Vasconcelos afirma que Eurico Alves faz desaparecer a evidente diferença de posições sociais entre o fidalgo e o vaqueiro, além de criar uma imagem positiva dos coronéis do pastoreio indo de encontro a