Análise Revista
Como toda a produção midiática, a revista Veja conta com um perfil de leitor determinado, heterogêneo em sua abrangência, mas constituído em sua maioria por profissionais liberais e intelectuais, com nível de escolaridade expressivo, por isso obedece a um plano que procura atender a esse público. Sob esse contexto, dois aspectos devem ser considerados. Se de um lado há uma imagem pré-configurada das expectativas desse público, por outro lado existe também a intenção de comunicação da empresa responsável pela revista, que tem sua própria visão dos fatos, de acordo com a ideologia que a orienta. Por isso, as capas assim concebidas mantêm um diálogo entre empresa e público, porque no fio desse discurso se cruzam interesses conflitantes nem sempre fáceis de serem conciliados. Desse modo, apesar de comporem um conjunto, as capas têm um acabamento provisório porque dependem em da leitura interpretativa do contexto histórico-social dos leitores e de suas atitudes. Sendo assim, estabelecem um diálogo com o contexto em que estão inseridas, propiciando várias possibilidades interpretativas, mas todas elas articuladas pela proposta de comunicação da empresa e de sua ideologia.
“A diferença entre a informação ideológica e não-ideologica é que a primeira veicula interesses de grupos restritos, transforma-se em instrumento de poder e impede o pluralismo. Já a não-ideologica é aberta a discussão, oferece espaço para opiniões divergentes. (MARX) Além disso, cada edição estabelece relações significativas tanto com o contexto daquele momento quanto com o das edições posteriores e anteriores. Portanto, o enunciado presente em cada exemplar isoladamente está fortemente ligado aos outros ao longo do tempo, segundo a perspectiva teórica dialógica. Nessa linha teórica, as capas da revista Veja, tratadas como enunciados concretos, ao se configurarem como gêneros discursivos, cumprem um determinado papel comunicativo e possuem um acabamento mais ou