Análise Piscopatológica do documentário Estamira

Análise do filme “Estamira”

O documentário “Estamira” mostra o cotidiano da personagem principal, de 62 anos que trabalha há 20 em um lixão. De acordo com a história da vida de Estamira, pode-se perceber que sua história toda envolve muitos tumultos, conflitos e tristezas. Apesar disso, a personagem segundo os filhos era uma pessoa com os pensamentos e falas normais até uma boa parte de sua vida e que começou a ter comportamentos atípicos após o desencadeamento de várias situações de conflito e por fim, o segundo estupro. Após tal fato, como relatado pela filha, ela passou a desacreditar em Deus e na vida que vivia antes, passou a ter comportamentos diferentes considerados como esquizofrênicos. Seus delírios que vieram junto com os distúrbios são a maneira como seu aparelho psíquico encontrou para melhorar e tornar seu mundo real mais fácil de ser vivido.
Apesar do delírio e dos traços esquizofrênicos, pode-se perceber pelas falas de Estamira que, apesar da perda de interesse pela aparência e higiene, não houve empobrecimento de linguagem e pensamento, visto que ela mostrou ter um vocabulário bastante vasto. Sobre os traços afetivos, apesar de se mostrar um tanto quanto rude com os familiares em algumas cenas, em outras não se pode dizer que ela tenha se distanciado afetivamente, como a em que chora pelo seu marido e fala mal do mesmo.
Devido à sua doença, Estamira fala alguns de seus delírios, suas alucinações (como a que escuta astros), neologismos, repete as ideias e cita misticismos várias vezes. Ao se observar o discurso de Estamira, percebe-se que é por meio dos delírios e falas perturbadas que ela consegue expressar tudo o que não consegue dizer linearmente. Ela expressa seu sofrimento, sua decepção com um Deus em que tanto acreditava, seus traumas relacionados ao abuso sexual, sua relação com o seu corpo, com sua família, com o aterro, com a opressão social, com a fome e com a vida. É por meio deste discurso que ela afirma e reafirma seu lugar no