Análise Ode Marítima, Álvaro de Campos
ÁLVARO DE CAMPOS
Ode Marítima
Belo Horizonte
2014
ANÁLISE SOBRE O POEMA “ODE MARÍTIMA”
Fernando Pessoa é, decerto, o maior nome entremeio aos escritores modernistas, como também o segundo maior escritor de Portugal. Álvaro de Campos, um de seus heterônimos mais conhecidos, se identifica com a rebeldia das vanguardas europeias e seus textos apresentam muito bem tal influência. Trazendo como características a coragem e a audácia e, também, a solidão e o pessimismo, ele surgiu com a dificuldade de Fernando Pessoa em expressar seus sentimentos. Aprendeu com o Mestre Caeiro, outro heterônimo de Pessoa, a ter clareza e equilíbrio e a não procurar filosofias, aproximando-se do sensacionismo em que acreditava que o conhecimento provém das sensações
Em “Ode Marítima”, o poeta, por intermédio de reflexões ao observar os paquetes e naus que partem e se perdem no horizonte, que o levam até uma infância perdida, é ligado a uma estética da força e sensações oriundas das máquinas, todavia não escondendo uma crise interna que representa as depravações e poluição da civilização moderna. Mas o poeta, ainda que entremeado à multidão e fazes voltadas ao futurismo e ao modernismo que não o completam, tona-se um homem solitário e pessimista.
Ele parte para uma verdadeira viagem no tempo, tão logo, solitário no cais deserto, avista um paquete entrando no porto, ocasionando subitamente a vida naquele lugar quando erguem-se as velas, avançam rebocadores, surgem barcos pequenos e a manhã também entra juntamente com a embarcação. “E dento de mim um volante começa a girar, lentamente.” A partir daí o poeta volta sua consciência para memórias perdidas de outros momentos da humanidade.
Álvaro de Campos busca sentir todas as sensações e, por consequência delas, explicar as causas e consequências. Desinteressado para com a realidade, “Ode Marítima” apresenta uma série de descrições do ambiente sempre carregadas de