Análise Lacaniana do Filme Cisne Negro
Percebe-se logo ao inicio do filme que a mãe é controladora e que deposita na filha seu desejo, sua ascensão frustrada como bailarina. A relação das duas é extremamente simbiótica e a figura paterna não é mencionada em momento algum. Nina, por sua vez, apresenta características infantis. Seu quarto é todo rosa e com vários bichos de pelúcia. Sua sexualidade é infantil. Sua mãe a ajuda a fazer as coisas mais triviais, como trocar de roupa, cortar as unhas, escolhe o que ela come, o que ela veste e a coloca para dormir ao som da sua caixinha de música. Chamando-a diversas vezes de “garota doce”.
Toda criança precisa crescer em uma relação familiar harmoniosa para se desenvolver bem. Quando, em uma relação, há uma fixação na figura materna, pode haver um comprometimento na construção psíquica da criança. Para Lacan (1998), ausência do Nome-do-Pai (foraclusão), seja no real ou pela omissão no discurso da mãe, impossibilita a criança da simbolização da lei. Ao longo do filme, pode-se perceber a presença constante de espelhos ao longo das cenas. Na visão de Lacan (1998), isso remeteria ao estado do espelho, em que diante do reflexo da minha própria imagem, eu me confronto, também, com a imagem do outro. Diante das alucinações de Nina perante o espelho, é possível pensar que ela não tinha esse reconhecimento. O outro no espelho não era ela. Ela então vivenciava uma confusão entre o eu e o Outro, esse que pode ser, ao mesmo tempo, seu rival e seu igual. Após o estádio do espelho, a criança vivencia a passagem pelo