Análise Interpretativa "The Wall"
I. Introdução – Floyd
O filme “The Wall” é uma obra fruto da imaginação criativa de três pessoas: Roger Waters (roteiro, música), Alan Parker (direção) e Gerald Scarf (animações). A estória, criada pelo então líder do Pink Floyd, trata-se em parte de uma semi auto-biografia, mesclando acontecimentos que fizeram parte da vida do compositor com eventos fictícios.
Antes de se iniciar a análise do filme, faremos um breve “passeio” pela história do Pink Floyd, para entendermos melhor os motivos que levaram Waters a criar “The Wall”.
Após a saída (ou expulsão) de Syd Barret, primeiro líder da banda em meados de 1968, o Floyd deixou de ter uma figura criativa central, passando por um longo período “democrático” (de 68 a 75) em relação à liberdade de composição pelos quatro membros do grupo. Entretanto, a partir do álbum “Animals”, de 1977, Waters passou a dominar a atividade criativa na banda. Nessa época, o Floyd já atingira o estrelato e começava a ser visto como um “dinossauro” do rock por parte da juventude da época, que questionava a estética musical da primeira metade dos anos 70 (leia-se a complexidade do rock progressivo em detrimento de um som mais básico, acessível). Tal repulsa ao rock mais trabalhado ficou imortalizada na camisa usada na época pelo líder dos Sex Pistols, banda seminal do movimento punk inglês: “I hate Pink Floyd”.
Durante um show da turnê de “Animals”, Waters, de cima do palco, cuspiu no rosto de um dos fãs na platéia que tentava agarrá-lo. Depois do show, refletindo sobre o episódio, ele percebeu a que ponto chegara sua relação com o público. Ele deixara de ser um músico expositor de sua arte, se tornando um ditador da mídia, vomitando entretenimento sobre as massas, um público agora bem distante dele. Waters percebeu que fora criado um muro entre ele e a platéia, impedindo uma comunicação real e sincera entre ambos. Surgia então o embrião de “The Wall”.
O álbum foi lançado em 1979,