Análise Horizontal/vertical Suzano
Reivan Marinho de Souza1 e Lana Carolina Carvalho Amorim2
RESUMO: Este artigo tem por objetivo expor alguns elementos presentes no debate contemporâneo sobre a reedição das cooperativas na conjuntura de reestruturação produtiva capitalista. Busca-se recuperar o contexto de crise estrutural do capital e da ofensiva neoliberal que lhe é decorrente – com a desregulamentação dos direitos trabalhistas e a disseminação dos vínculos terceirizados e flexíveis de trabalho e emprego – para assimilar a funcionalidade das cooperativas às mudanças sócioeconômicas empreendidas pelo capital no intuito de se reerguer da crise eclodida em seu sistema nos anos 1970. Por fim, destaca-se a forma pela qual unidades produtivas estrategicamente organizadas pelos trabalhadores em determinada conjuntura histórica, como forma de enfrentamento ao pauperismo e à exploração, têm sido apropriadas pelo capital na atualidade, servindo-o de mão de obra barata e desprotegida.
I. INTRODUÇÃO
O processo de industrialização tornou explícitas as contradições fundamentais do modo de produção capitalista. Marx, ao tratar sobre “A Lei Geral da Acumulação
Capitalista”, demonstra, no momento de consolidação da revolução industrial, o processo em que se desenvolvia a produtividade social do trabalho e, ao mesmo tempo a ampliação de massas numerosas de seres humanos relegados à fome e à miséria.
Evidencia-se um contingente significativo de trabalhadores que, forçosamente separado dos meios de produção, via-se banido do acesso às condições socialmente necessárias ao provimento de sua existência sob a égide do capital3. Em resposta às precárias condições de vida às quais se encontravam relegados no período da Grande Indústria – intensificadas pela não-garantia de direitos trabalhistas e pela proibição de qualquer forma de organização coletiva –, grupos de trabalhadores, na primeira metade do