Análise histórica sobre o preconceito com as religiões afro
O presente tópico propõe um enfoque nas relações histórico-culturais de opressão aos cultos religiosos afrodescendentes no desarrolo da história do Brasil. Tal ato fora fomentado, principalmente, pela igreja católica – responsável por profanar a sacralidade das religiões afro. Visa, da mesma forma, apontar algumas características ainda presentes no âmbito atual decorrentes do inconsciente coletivo assim como a manutenção dessas continuidades, propiciando um ambiente ainda hostil para a cultura afrobrasileira.
Falar de opressão cultural é sinônimo a etnocentrismo, este sendo um ato antiquíssimo, porém toma mais notoriedade a partir do século XVI, quando os europeus colonizaram as Américas e a África. Etnocentrismo é, então, uma visão de mundo fundamentada rigidamente nos valores e modelos de uma dada cultura; por ele, o indivíduo julga e atribui valor à cultura do outro a partir de sua própria. Assim, o indivíduo é levado a cometer equívocos, fomentar pré-conceitos e, por isso, a diferença cultural é logo transformada em hierarquia.
Já no início da colonização portuguesa na África, era possível notar o imenso estranhamento do povo europeu diante da cultura africana, visto que entre elas há um enorme abismo, pois ambas provém de núcleos até então incomunicáveis. A visão etnocêntrica do português é intensificada quando este entra em contato com hábitos exóticos a eles e também reprováveis aos seus olhos e aos olhos da Inquisição. Em artigo de Regina Célia Lima Caleiro, temos acesso a um fragmento do relato do Capitão Antônio de Oliveira Cardonega e como este interpretava as práticas de certo grupo africano:
“Havia em Angola muita sodomia, existindo mesmo um grupo de finos feiticeiros que gozavam de muita autoridade, respeitados por todos e chamados nganga-iaquimbanda, ou sacerdotes chefes do sacrifício, que eram proclamados superiores aos demais feiticeiros, sendo chamados