Análise fenomenológica do filme “minha vida sem mim”
O dasein é um ser que está condenado a dar conta de sua existência o tempo todo, pois ele não é algo, ele está algo. Ann parece fugir a essa responsabilidade. Como essa responsabilidade gera angústia, Ann deixa que o impessoal tome conta de sua existência por ela, vivendo uma vida que não escolheu. É importante que tenhamos em mente que, para a fenomenologia, o termo impessoal denomina algo que é compartilhado, coletivo, não possuindo um caráter de julgamento positivo ou negativo. É via impessoal que o dasein chega ao mundo, que este lhe é apresentado. Ele não nasce si mesmo, mas chega a si mesmo através do impessoal, ao se apropriar de suas escolhas. Essa apropriação só é possível a partir do momento em que compreende sua temporalidade. É apenas quando isso ocorre que o dasein compreende, também, sua finitude, seu serparaamorte. Quando essa compreensão é alcançada o dasein angustiase e, só assim, pode apropriarse de suas escolhas, ser próprio, decidindo de modo autêntico o que fazer com seu tempo de vida e como fazer. Sem essa compreensão a autenticidade é impossível. Crianças vivem no tempo do já, não compreendendo sua temporalidade e, consequentemente, não se angustiando, sendo inautênticas. No filme, vemos isso de modo muito claro com as filhas de Ann, quando uma delas pergunta “já é domingo? Já é meu aniversário?”. Ann parece estar sempre fugindo de si mesma, fugindo da angústia, deixando de pensar no que realmente é importante em sua vida. Essa fuga caracteriza o dasein como um ser decadente no sentido de cair de si mesmo, de fugir de si mesmo o tempo todo, pois se ele se encontra consigo mesmo deparase com a angústia. O refúgio encontrase no impessoal. Uma cena que ilustra