Análise dos capítulos 15 e 16 do livro ofício de mestre, de miguel arroyo
No capítulo 16, intitulado “Cultura Profissional do Magistério”, o autor inicia tecendo uma crítica a respeito de uma ideia errônea porém ainda vigente em nosso tempo: a crença de que qualquer pessoa pode ser professor, no sentido de que “para ensinar as primeiras letras qualquer um serve.”. Ele busca então estabelecer e afirmar a identidade do professor enquanto profissional, explicando a cultura profissional do magistério.
O autor defende que as classes trabalhadoras, bem como a história do magistério se estabelece intimamente ligada aos processos sociais e culturais do seu povo. É impossível tratar da carreira de magistério desvencilhando-a do contexto histórico no qual ela se encontra. Dessa forma, cria-se uma verdadeira “cultura do trabalho”, fruto de lutas e conquistas não só dos professores mas também de toda a classe trabalhadora, na difícil tentativa de consolidar e legitimar seus valores e direitos. Ao mesmo tempo, Arroyo questiona se de fato os professores se vêem como trabalhadores, visto que até perante a sociedade sua imagem é distorcida. Ele diz que os docentes se reconhecem como trabalhadores só nos momentos de luta, mas no cotidiano sua identidade muitas vezes está distante dos seus interesses.
No entanto, o autor defende a luta da classe do magistério como forma de amadurecer sua cultura profissional, de modo que em uma greve, por exemplo, o que se está em pauta não é somente a busca por melhores salários ou atendimento a determinados direitos da classe, mas também a implementação firme de uma categoria de profissionais que, agindo coletivamente, busca garantir e reafirmar sua identidade profissional, bem como legitimar seu ofício.
O autor propõe também uma mudança na forma em que os próprios professores realizam seu ofício. Critica a prática empobrecida que muitos professores assumem, voltada somente para uma instrução técnica dos alunos,