ANÁLISE DO UNIVERSO DA GINÁSTICA E DO CORPO
À luz do referencial teórico podemos constatar que a concepção de corpo sempre esteve atrelada aos valores externos da sociedade, totalmente dependente, e com dificuldades de se tornar autônomo. Sócrates proclama a razão e o mundo das idéias, Platão reforça a ruptura entre o mundo do sensível e o inteligível, separando corpo e alma, Aristóteles defende a idéia de que a natureza humana é composta pela alma como forma, e pelo corpo como matéria. O Cristianismo considerou o corpo como um símbolo de decadência e fonte de vícios e males, se tornando ameaça ao próprio homem, Santo Agostinho afirma que o homem tem a capacidade de conhecer pelo poder de sua razão, esta, por sua vez, advém da luz divina. Descartes vê uma outra perspectiva que é a descoberta, da consciência, da subjetividade separando corpo/alma onde os fatores psíquicos e fisiológicos passam a ser estudados separadamente. GONÇALVES (1994,), defende que: esta separação se faz sentir na educação física até nossos dias, tanto na prática pedagógica como nas ciências que a embasam. Estas últimas se constituem em campos estanques, que não se intercomunicam: cada um trata do corpo sob sua perspectiva, como se esta fosse absoluta, ignorando a globalidade do homem.
A Educação Física nasceu e consolidou-se sob orientação das ciências naturais, dessa forma tornou-se representante dos ideais do racionalismo. Ao longo do seu processo de evolução serviu-se do dualismo, manifesto na separação do corpo (a res extensa) e da alma (a res cogitans), apropriando com veemência da parte física. (PEREIRA, 2006).
O dualismo antropológico cartesiano é implacável e provocou a separação assombrosa entre o sensível e o inteligível, o sujeito e o objeto, os saberes teóricos e os fazeres práticos. A Educação Física se apropriou do corpo, do sensível e, de certo modo, aproximou-se dos fazeres práticos e técnicos, ficando