Análise do samba "O que que a Baixada tem?"
“Já em tempo rudimentar, entre as serras, já resistia o nosso chão castigado pela natureza, marcado pela fúria de um vulcão”. Nova Iguaçu possui o único vulcão brasileiro, extinto há 40 milhões de anos, tempo em que se deu sua erupção, fazendo parte da construção do solo e de serras. Logo, configura a geografia do lugar.
“E quando veio o descobrimento, ocupada por tupinambás, a Baixada em desenvolvimento com seus engenhos, olarias e canaviais.” Os tupinambás eram índios que habitavam a região de Nova Iguaçu. Dotada de muitos recursos naturais, inevitavelmente, fora explorada pelos colonizadores para a produção de açúcar e derivados, justificando a construção de engenhos.
“Fazenda São Bernardino, recanto da nobreza imperial, era pelo caminho do Pilar que a Baixada assistia o ouro passar”. Fazenda São Bernardino foi um importante patrimônio da época, propriedade de nobres do Império. Através dela fez-se o caminho do Pilar, uma ligação que fazia o escoamento do ouro trazido de Minas Gerais. Mas a Baixada somente “assistia o ouro passar”, não tinha acesso a ele. Nota-se que a regência do verbo “assistia” não foi corretamente empregada para que se mantivesse o caráter informal de um samba, preservando a musicalidade.
“Não tem mais pilão pra socar café, nem gemido na senzala do nego Pai Tomé. Os laranjais foram relíquias da região”. Ou seja, a época do café e da escravidão acabou, bem como os laranjais igualmente extintos. Dando lugar à industrialização e consequente urbanização: “Hoje há refinaria, importantes rodovias, sofre violência e discriminação”. A Baixada Fluminense é hoje considerada a periferia da cidade,