análise do poema PNEUMATORAX de Manuel Bandeiera

274 palavras 2 páginas
Nada de marcha fúnebre. Apesar de desenganado, Manuel Bandeira nunca perdeu o senso poético e a veia humorística em sua vida.

Alimentando sempre a esperança de cura, mesmo nos períodos mais dolorosos de sua vida o poeta jamais se deixou assaltar pelo sentido do puramente trágico. Muito pelo contrário: ele desenvolveu uma extraordinária produção poética, reestruturando a sua identidade e empreendendo, assim, uma forma de diálogo com o mundo circundante, sem faltar nela o bom humor. O seu poema Pneumotórax é bastante elucidativo neste sentido.

Em Itinerário de Passárgada, sua biografia publicada em 1954, Manuel Bandeira revela ao mundo a disciplina que fora obrigado a seguir nos treze primeiros anos de tratamento da tuberculose, bem como o esforço que teve de despender para poder associar alguma produtividade com a utilização parcimoniosa de suas forças físicas. Muitos autores afirmam, neste sentido, que a presença da ironia em seus poemas deveu-se à convivência diária do autor com o pesadelo da morte.

Foi enfrentando diariamente a tuberculose, e lutando com todas as forças para viver, que o consagrado poeta - sem nunca deixar de ser sentimental - construiu toda a sua produção literária. O seu legado ao povo brasileiro representa o milagre e a vitória da saúde sobre a doença e da vida sobre a morte. Morreu aos 82 anos de idade sem nunca se deixar abater,

Portanto, o tango argentino não é alusão fúnebre à morte que o acompanhou durante a vida, mas uma tirada romântica e irônica de quem, sabendo-se donte sem cura, enganava a morte dançando um tango.

Relacionados