Análise do poema "Infância" de Carlos Drummond de Andrade
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo
Minha mãe ficava sentada cosendo
Meu irmão pequeno dormia
Eu sozinho menino entre mangueiras
Lia a história de Robinson Crusoé,
Cumprida historia que não acaba mais
No meio dia-branco de luz uma voz que aprendeu
A ninar nos longes da senzala- nunca se esqueceu
Chamava pra o café
Café preto que nem a preta velha
Café gostoso
Café bom
Minha mãe ficava sentada cosendo
Olhando pra mim:
-psiu...não acorde o menino
Para o berço onde pousou um mosquito
E dava um suspiro...que fundo!
La longe meu pai campeava
No mato sem fim da fazenda
E eu não sabia que minha historia
Era mais bonita que a de Robinson Crusoé
Carlos Drummond de Andrade
Análise: O autor relembra seu tempo de infância, em que morava no interior, ele fala do pai que ia para o campo a cavalo, a mãe que ficava cuidando da casa e observando o filho menor dormir, enquanto o autor sozinho lia a história de Robison Crusoé (Daniel Defoe – 1660 a 1731). O garoto às vezes ficava observando seu pai trabalhando, e lendo o livro que parecia ser muito bom. O garoto então compara sua historia com a do livro de Robinson Crusoé (Um jovem marinheiro inglês que parte em uma viagem num navio sem avisar ninguém, no meio de uma tempestade toda sua tripulação morre, menos Robinson que fica preso numa ilha no caribe), daí o garoto diz por fim que, sua história é melhor que a de Robinson Crusoé porque é melhor uma vida monótona e feliz, do que uma completa solidão numa ilha.
Este poema retrata a vida de Carlos Drummond de Andrade no seu tempo de infância em que ele vivia em Itabira (Minas Gerais), falando de suas lembranças e do dia-a-dia dos seus familiares naquela época.
Este poema interessa ao leitor do século XXI para saber como era a vida no interior antigamente, principalmente aos leitores que moram em metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro.