ANÁLISE DO LIVRO "QUARTO DE DESPEJO: DIÁRIO DE UMA FAVELADA" DA AUTORA MARIA CAROLINA DE JESUS - não autoral

Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura / V Seminário Internacional Mulher e Literatura

DIÁRIO DE UMA FAVELADA: A LITERATURA AUTOBIOGRÁFICA
E DENUNCIADORA DE CAROLINA MARIA DE JESUS
Suênio Stevenson Tomaz da Silva1
Introdução
A proposta deste trabalho consiste em refletir acerca da literatura memorialística em consonância com sua função de crítica social. Para tanto, utilizamo-nos de Quarto de Despejo: Diário de uma favelada (1960), a primeira obra da escritora afro-brasileira Carolina Maria de Jesus.
Nesta obra, a escritora que também é narradora, relata seu cotidiano em forma de diário, gênero autobiográfico, que é bastante recorrente na literatura de autoria feminina. Na narrativa, ao mesmo tempo em que a mulher/ personagem/escritora expressa as angústias de seu eu, também evidencia uma crítica contundente da realidade em que vive através de sua condição de minoria social. Como fala Joel Rufino dos Santos (2009, p. 21) em Carolina
Maria de Jesus – uma escritora improvável: “Qualquer juízo sobre Carolina e sua obra não deve esquecer que ela são três: a mulher, a escritora e a personagem criada pela escritora [...] A personagem está nas entrelinhas dos seus livros; a autora nos seus escritos; a mulher, nos fatos de sua vida[...]”.
Contrariando todos prognósticos excludentes (mulher, mãe solteira, negra, pobre, favelada, semi-analfabeta) Carolina Maria de Jesus consegue o seu intento – se firmar como escritora e dar voz aos marginalizados. Assim sendo, pretendemos com este trabalho, resgatar e divulgar a produção de uma escritora que ainda não se insere no cânone por questões preconceituosas, mas que merece a devida atenção pela sua forma de fazer literatura comprometida com as questões sociais.
1. Pode a subalterna falar?
Tomando como referência o ensaio paradigmático de Spivak (2010),
1 Professor Mestre da UFPB. [e-mail].

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