Análise do filme A margem da imagem
Gustavo Andrade
O diretor Evaldo Mocarzel leva às telas a vida e a cultura dos moradores de rua de São Paulo. O filme nos revela o que se passa no dia a dia das pessoas que ocupam a cidade. Através do filme é possível perceber os diversos personagens estereotipados aos olhos de quem não vive na rua. O filme recolhe depoimentos de homens e mulheres com passado, história e cultura própria que compartilham a rua por vários motivos e cada um ao seu jeito mantém sua identidade intacta das mais diversas formas. Pessoas que são excluídos do contexto social, da vida diária das cidades, dias e noites buscando uma maneira de sobreviver olhando a vida passar no movimento da cidade, na correria das pessoas, que desviam quando podem, por medo da aproximação. Muitos são taxados como loucos violentos e vagabundos. Cidadãos que ao entrarem nas ruas e serem abraçados por ela são destituídos de suas cidadanias, animalizados pela sociedade que se esforça para torná-los invisíveis. Seguindo numa direção oposta a essa, Evaldo Mocarzel e sua equipe buscam dar visibilidade, voz a essas pessoas. Dessa forma, buscando uma humanizar essas pessoas. Muitos tiveram passado, profissão, família, mas por algum motivo qualquer lá estão fazendo parte de uma sociedade sem nome, sem rosto, sem identidade e nem perspectivas.
O filme nos mostra a relação dos moradores da rua com o álcool. Um vício que se torna símbolo dos que vivem na luta diária por um lugar seco e seguro para dormir, além de ser necessário para suportar os dramas de suas vidas particulares. O álcool, as drogas contribuem para que o círculo vicioso de suas vidas permaneça inalterado.
A questão da loucura é abordada no filme. Quem são esses “loucos” cujas identidades nós que passamos pelas ruas não nos preocupamos em saber ʔ O filme da voz a esses desconhecidos e nos mostram “loucos” completamente lúcidos da própria situação. Cientes ao ponto de articulares argumentos sobre a