Análise do filme "A culpa é do Fidel"
“A culpa é do Fidel": construção de autonomia a partir de múltiplas referências
1. Introdução
A seguinte análise tem como base as concepções de teorias críticas nas quais o currículo é visto como uma política cultural calcada em conceitos como: ideologia e relações de poder; currículo oculto; reprodução e emancipação; resistência. As teorias críticas surgem a partir da década de 1960 como reação às teorias tradicionais de caráter tecnicista. O objeto analisado é o filme francês “A culpa é do Fidel (La faute à Fidel!), 2006. A culpa no título desperta curiosidade de imediato, pois se há um responsável por determinado evento, quais acontecimentos permitem chegarmos a essa conclusão? Por que a culpa é desse indivíduo em especial? O ano de 1970/71 foi de crescimento e autoconhecimento para Anna de La Mesa, uma francesinha de nove anos, que aprenderá a duras penas que a vida vai muito além dos contos de fadas com princesas felizes para sempre. Filha de um advogado espanhol e de uma jornalista francesa, a menina tem sua visão de mundo alargada assim que os pais começam a participar ativamente da causa comunista. Depois do falecimento de um tio, militante comunista, a família muda-se para o Chile e lá, Anna convive de perto com realidades diferentes daquela que estava acostumada na confortável casa dos avós maternos na França. Anna fica confusa com as diferentes ideologias defendidas por aqueles com quem convive, seus pais, avós e a babá cubana exilada, Filomena. Essa última vê o comunismo como um grande mal e o responsável pela sua saída de Cuba, por isso a culpa é do Fidel. Acostumada a ter de tudo do bom e do melhor, a menina tem dificuldade de entender a mudança de uma casa confortável para um pequeno apartamento, onde divide o quarto com o irmão de cinco anos e as trocas constantes de babás.
2. Ideologia e relações de poder
Estudante de uma escola católica, Anna é dispensada das aulas de catecismo a pedido do pai,