Análise do filme Xica da Silva (Carlos Diégues, 1976)
Xica da Silva (Carlos Diégues, 1976)
O filme Xica da Silva (1976), produzido pelo diretor Carlos Diegues 1, mais conhecido como Cacá Diegues, (Maceió, 19 de maio de 1940), focaliza a trajetória de Xica da Silva (apesar de seu nome correto ser Chica da Silva), que de escrava, tornou-se uma poderosa dama negra de nossa história, seduzindo o milionário contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira, na região do Arraial do Tijuco, atual cidade de Diamantina em Minas Gerais. Promovendo luxuosas festas e banquetes, e exibindo grupos de teatro europeu, que se apresentavam nas salas de sua imensa casa, Xica da Silva ficou conhecida até na corte portuguesa. A ostentação atingiu aspectos surrealistas, quando João Fernandes de Oliveira satisfez o caprichoso desejo de sua amante de fazer uma viagem marítima sem sair da região, construindo um lago artificial e uma caravela manobrada por uma tripulação de dez homens. No final, o contratador João Fernandes é levado de volta para Portugal sob a acusação de corrupção (grande parte, demonstrada pelos gastos com caprichos de sua concubina) e Xica da Silva fica sozinha, hostilizada pela sociedade que antes a temia. Acaba se exilando no mosteiro de negros construído por João Fernandes para ela.
Estreado no ano de 1976, seu diretor explica que para fazer o filme ele se inspirou “em versos do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, e num maravilhoso desfile do Salgueiro de 1963” 2, que o teria feito chorar. Além disso, para escrever o roteiro, Cacá Diegues convidou João Felício dos Santos que após o filme, ainda no mesmo ano, escreveria o livro Xica da Silva 3 no qual retratou a personagem destacando seu caráter sensual e dominador; coincidência ou não, ele era sobrinho-neto de Joaquim Felício dos Santos, o advogado responsável pela reconstrução da história de Chica da Silva no século XIX 4 e que imprimiu as características de sensualidade ao mito da escrava.
Chica da Silva foi interpretada por