ANÁLISE DO FILME "DENTRO DE CASA"
A psicanálise, ciência criada por Sigmund Freud no início do século passado, mudou, de forma permanente, o entendimento do homem sobre si mesmo. Entre suas mais polêmicas características, está a mudança de paradigmas que ela trouxe em diversos campos do conhecimento humano. São muitos os conceitos inaugurados por essa ciência e tantos outros os que por ela foram modificados. Inconsciente, Aparelho Psíquico, Complexo de Édipo, Castração, Pulsões, Libido - para citar uns poucos, figuram nessa constelação de novas idéias (e antigas, agora modificadas). Em seus “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade”, Freud nos dá uma nova visão sobre a sexualidade humana e introduz a teoria da Sexualidade Infantil. É nesse texto também que Freud vai aprofundar suas teorias sobre o caráter inato bissexual do ser humano e conceituar a Perversão.
Nos “Três Ensaios”, Freud caracteriza como perverso o ato sexual que tem seu objetivo e/ou alvo sexual desviado do sexo “normal” (pênis/vagina) e acrescenta que isso será um sintoma patológico apenas se houver uma fixação e exclusividade em determinada prática sexual, ou seja, se o indivíduo apenas puder obter prazer com aquela prática em questão, em detrimento de qualquer outro ato sexual.
Porém, o conceito de perversão se amplia na obra de Freud e vários outros autores retornaram, e ainda retornam, a esse ponto de sua teoria trazendo novos olhares e mais entendimento sobre o assunto. De forma muito sucinta, a perversão pode ser definida em psicanálise como uma recusa à castração. Recusa essa que aparece inicialmente quando a criança se depara com a diferença entre os sexos. Em sua conflitiva edípica, a criança tem como objeto de amor a mãe e quando percebe essa diferença entre os sexos, dá-se conta do desejo entre os pais e do risco que corre caso não abra mão de seu objeto de desejo. Ou seja, a criança se vê diante da finitude de sua onipotência. Dessa forma, deverá abrir mão de seu desejo para que não seja