Análise do filme "Daens: um grito de justiça"

No filme “Daens: um grito de justiça”, são evidentes vários aspectos da modernidade (segunda metade do século XIX), como a consolidação do sistema de produção capitalista, grande avanço tecnológico e científico e, consequentemente, profundas transformações sofridas no mundo do trabalho, ou seja: condições de trabalho precárias, jornadas de trabalho desumanas, opulência material em oposição à degradação do homem, péssimas condições de moradia, remuneração insignificante. Tais condições se assemelham com as cidades da Inglaterra analisadas por Engels, as quais se caracterizam também por superpopulação, aglomeração urbana e condições de moradia, trabalho e saúde precárias, visto que o foco da produção é o capital e o lucro, mesmo que os operários executem atividades repetitivas (divisão do trabalho – Fordismo) e sejam submetidos a um tratamento desumano. Não havia leis ou garantias trabalhistas, o que permitia terríveis abusos patronais. A periferia das metrópoles brasileiras também se assemelha a tais condições, na medida em que os diferentes grupos tem seus interesses próprios e os mantêm, mesmo que seja necessário infringer leis, sejam elas morais ou da Constituição de fato; a pobreza é escondida nas periferias como a sujeira é varrida para baixo do tapete. No filme, Daens, a burguesia liberal, os operários e os socialistas visam à justiça social, o que vai contra à lógica do sistema de maximização dos lucros e competitividade instituída pela burguesia industrial. Esta é apoiada pela Igreja, a qual também pretende ignorar as atrocidades cometidas nas fábricas a favor da burguesia, já que assim estaria freando também possível propagação de ideias socialistas, que negavam a fé e a doutrina católica. Há uma certa semelhança nesses movimentos sociais com o atual cenário sociopolítico brasileiro, no qual a população vai às ruas reivindicar seus direitos e denunciar a corrupção após aproximadamente 20 anos sem fazê-lo. Contraditoriamente, as novas relações de