Análise do documentário "notícias de uma guerra particular" à luz da Criminologia
O documentário, filmado entre 1997 e 1998 por João Moreira Salles e Katia Lund retrata a atual situação do tráfico de drogas a partir de três perspectivas: a do infrator, em especial o menor infrator, a do policial e a do morador. As imagens utilizadas são reais, filmadas junto aos traficantes com a devida autorização do chefe do tráfico à época, Marcinho VP.
Pela perspectiva dos infratores, são entrevistados vários jovens, em sua maioria menores de idade, em basicamente duas situações: os em liberdade e os presos. Percebe-se em ambas as situações a conformação destes com a vida que levam, não deixando transparecer qualquer desejo de mudar de vida. A isto, se contrapõe as duas outras perspectivas: a do morador e a do policial.
O discurso do morador demonstra a preocupação que estes tem com a violência que os cerca. É relatado por eles o espírito suicida que os jovens do tráfico possuem, não se importando com a morte anunciada que este tipo de atividade traz consigo, sendo ainda característico do discurso do morador o desejo de que os seus filhos não sigam por este caminho. A polícia, por sua vez, deixa transparecer o tom de pessimismo quanto ao andamento desta “guerra particular”.
O capitão do BOPE, Rodrigo Pimentel, diz que o Rio de Janeiro vive uma guerra civil, corroborando sua ideia ao mostrar o tipo de armamento utilizado pela polícia militar carioca, armas que, em outras partes do mundo, são de uso exclusivo das forças armadas. Mais alarmante que isso, talvez seja a posse de armamento também pesado por parte de traficantes, o que por si só já demonstra o poder econômico do tráfico de