Análise do Diálogo de J. Benci para a Comunicação Colonial
UNESP
2014
ANALISE DE LEITURA RELIGIOSA
“Economia Cristã dos Senhores no Governo dos Escravos” (1977), de Jorge Benci, foi publicado na forma de livro em Roma, 1705, e constitui uma coleção de sermões que este pregou na Bahia durante o século XVII.
A análise que faremos será constituída pelo pensamento religioso colonial no trato com os escravos, onde ele procura estabelecer certas normas de conduta nessa relação, mas sobretudo sobre a forma como Benci dialoga com o seu pretendido leitor: o senhor de escravos, especialmente.
Durante o livro, ele não encobre as dificuldades que regem o convívio com o fim de se atingir um relacionamento harmônico e, para isso, discute certos fundamentos teológicos e filosóficos, afastando-se de uma simples relação de regras a que o senhor deveria seguir para o trato com o escravo.
Considerando o tempo histórico a que se destina o livro, e a época em que ele foi lançado, a presença da família patriarcal brasileira, tratada por Gilberto Freyre, é mais do que presente e mesmo que não se encaixe nos padrões da família burguesa do século XVIII: a família que inicia a sua leitura como atividade de privacidade, entendida por M. Lajolo (¹ LAJOLO, M.; ZILBERMAN, R. O leitor, esse desconhecido. In: A Formação da Leitura no Brasil. São Paulo: Editora Ática.), ela é também uma família leitora, mesmo considerando que, na maioria das vezes, o escravo lia, e o senhor não. Como não possuímos dados sobre a quantidade de leituras do livro a ser analisado no período em que ele foi publicado, ou mesmo no período escravocrata, onde ele, supomos, deveria ser útil, exploraremos o seu diálogo com o leitor no Discurso I § 1.
Inicialmente, percebemos que a relação que Benci possui para com o seu leitor é de repreensão das atitudes tomadas com relação aos escravos consideradas errôneas, e de ensinamento de corretas atitudes com relação ao mesmo. Atitudes corretas são atitudes