Análise do discurso
Desde as manifestações de junho, quando o Brasil pode ver um movimento emergir do discurso popular e atingir várias – e diferentes – esferas sociais, muito tem se estudado sobre o início, o meio e as consequências desse processo de descontentamento com a condição democrática. Algumas teorias concluíram que o prejuízo contestado pela maioria da população não foi o das minorias que são altamente atingidas pelas políticas públicas, mas sim por lutas generalizadas, como o combate à corrupção. Seguindo a mesma análise, os autores dos textos “Uma greve selvagem e seus mistérios” e “As contradições da nossa democracia”, publicados no jornal Estado de S. Paulo, analisaram a movimentação popular na greve dos motoristas e cobradores de ônibus em São Paulo. No artigo publicado por Oliveiros S. Ferreira, nomeado “Uma greve selvagem e seus mistérios”, a questão central envolve a cadeia vertical formada nessa paralisação. Se antes as reivindicações envolviam patrões x empregados, e posteriormente patrões x sindicatos, houve uma importante mudança: os papéis de beneficiados e beneficiários não estavam mais dispostos lado a lado. O prefeito Fernando Haddad levantou o questionamento de quem seria o grupo responsável pela organização da greve, já que nem patrões nem empregados seriam beneficiados com a paralisação. Oliveiros também questionou o porquê de tamanha organização para tantos malefícios para a população, sindicatos e empregados das companhias de transporte. No texto “As contradições da nossa democracia”, há uma diferenciação importante em relação ao artigo analisado anteriormente: o ponto central de debate permeia os direitos de quem se manifesta, sem distinguir os grupos que se manifestam. Para o autor Aloisio de Toledo Cesaar, há uma desordem na interpretação de democracia, ou seja, todos podem se manifestar, sem ordem, sem causas aparentes e sem preocupações com o bem estar da maioria da população. O que anteriormente era uma luta para