Análise do discurso
Ao elaborar suas teorias Bakhtin tem um olhar voltado para a produção teórica marxista, mas opõe-se a esta no que se refere à questão do “lugar certo” da ideologia, que vinha sendo entendida como algo situado na consciência ou seria um pacote pronto fornecido pela natureza ou pelo mundo transcendental. Miottelo (2008, p.168).
Para Bakhtin, a ideologia não pertence ao domínio da consciência, mas ao domínio dos signos, sendo que a própria tomada de consciência só é possível por meio de manifestações semióticas. “Tudo que é ideológico possui um significado e remete algo situado fora de si mesmo. Em outros termos tudo que é ideológico é um signo. Sem signos não existe ideologia”. (Bakhtin, p. 31). Desse modo, as pessoas (sujeitos) que integram um grupo social criam signos que permitem a comunicação, a interação entre elas. É exatamente no signo compartilhado “entre” essas pessoas que a ideologia está situada. “Os signos só podem aparecer em um terreno interindividual” (Bakhtin, p.35).
Dentro da perspectiva marxista há o conceito de “falsa consciência”: a ideologia das classes sociais dominantes cria as classes inferiores e manobra os indivíduos que as constitui conforme os interesses do Estado e do capital. Diferentemente do conceito marxista, Bakhtin e seu círculo veem na ideologia a expressão de uma tomada de posição que se define no vai-e-vem das ideias que circulam na sociedade por meio dos signos ideológicos. (Miotello, p. 168).
É importante ressaltar que na concepção bakhtiniana há um único contexto ideológico que se origina a partir de dois conceitos básicos: a ideologia oficial e a ideologia cotidiana.
A ideologia oficial é entendida como relativamente dominante, procurando implantar uma concepção única de