ANÁLISE DO CONTO - A semente
O conto “A Semente Cresce Oculta” foi escrito por José Cardoso Pires, um escritor português reconhecido como um dos mais importantes da segunda metade do século XX. Seu trabalho é marcado por sua inquietação e contradições. Um traço marcante em suas obras é o respeito o qual ele tem entre a literatura e a realidade contemporânea. Suas palavras são desprendidas da forma culta, escreve com base em experiências de própria vida boemia, de forma simplificada e original para que se possa visualizar aquilo que ele retrata. Também faz uso das palavras como instrumento de denúncia, característica essa que nos remete ao Neo-Realismo, movimento literário ao qual o autor pertence. “A Semente Cresce Oculta” foi escrito por José Cardoso durante este período, o qual os neo-realistas rompem com o individualismo e intelectualismo psicológico do movimento anterior (Presença). É durante esse período que os escritores introduzem a análise de problemas de natureza social, abordando as populações que emigram, seu desempenho, destacando as tristezas e as misérias desse povo maltratado pela ganância de representantes de capital. Diante desta realidade, o autor nos apresenta Ana Gonsa e sua família, personagens que caracterizam essa realidade social. A história se passa em uma casinha pobre, em noite chuvosa, onde duas mulheres esperam aflitas: Ana Gonsa, que está em trabalho de parto e sua sogra, que reza incessantemente por tantas preocupações que carrega consigo. Sogra e nora conversam a todo instante, e não conseguem chegar a uma conclusão se devem ou não chamar a parteira, pois Ana Gonsa espera aflita pelo marido que não chega.
A narrativa segue em torno da expectativa, e esta mesma expectativa dá forças para que Ana suporte a dor e a espera.
Durante o diálogo entre as duas, a “velha” declara o quanto pensa em Rufino, seu ex-marido que tem outra mulher, e o quanto se preocupa por sua prisão. Ao mesmo tempo, teme por não querer