Análise do conto urupês, de monteiro lobato
O conto Urupês, escrito por Monteiro Lobato em sua obra de mesmo nome – Urupês -, publicada em 1918, se encaixa numa época caracterizada por mudanças, principalmente de pensamento, no Brasil. Essa época compreende a transição da escola literária Simbolista para a Modernista, transição esta denomidada Pré-Modernismo. As questões estéticas, pregadas pelo Simbolismo, passavam a dar espaço à busca da realidade social brasileira. Monteiro Lobato, um dos principais nomes pré-modernistas, utilizou-se, em seu conto Urupês, da figura de Jeca Tatu para tratar da verdadeira realidade do Brasil, do povo sertanejo, dos caboclos. Deixando de lado pensamentos ufanistas e idealizadores – presentes principalmente no Romantismo -. a figura de Jeca Tatu procurou retratar o Brasil e seus contras. Derrubando um pensamento permeado desde o Romantismo que tratava a raça mestiça, oriunda da junção de negros e brancos, como geradora de uma nação trabalhadora e forte, Monteiro Lobato acredita que tal mistura gere o contrário, ou seja, uma raça fraca e preguiçosa, a que ele nomeia caboclos. “Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!”. Este trecho retrata claramente a preocupação de Lobato em esboçar os defeitos do caboclo, que a partir de sua lei do menor esforço, se mostrava homem preguiçoso e previsível. No conto, a linguagem utilizada pelo autor é, em suma, culta, exceto nas falas do personagem, nas quais a linguagem representava traços regionais e coloquiais. No trecho “Eu, para escapar do 'reculutamento', sou inté capaz de cortar um dedo, como o meu tio Lourenço...”, palavras como reculutamento e inté diagnostificam essa linguagem regional. O conto, além de expressar a preguiça do povo caboclo, expressava, a partir do próprio Jeca Tatu, a miséria do povo nordestino, o atraso do homem do campo e a ignorância deste perante fatos políticos, o que é bem representado no trecho:
“Perguntem ao Jeca quem é o