Análise de via láctea
Tantos esparsos vi profusamente
Pelo caminho que, a chorar, trilhava!
Tantos havia, tantos! E eu passava
Por todos eles frio e indiferente...
Enfim! enfim! pude com a mão tremente
Achar na treva aquele que buscava...
Por que fugias, quando eu te chamava,
Cego e triste, tateando, ansiosamente?
Vim de longe, seguindo de erro em erro,
Teu fugitivo coração buscando
E vendo apenas corações de ferro.
Pude, porém, tocá-lo soluçando...
E hoje, feliz, dentro do meu o encerro,
E ouço-o, feliz, dentro do meu pulsando.
Soneto XIII
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
O Parnasianismo é caracterizado por “arte pela arte”, possuindo então sonetos - poemas com duas estrofes de 4 versos e duas estrofes de 3 versos – com a estética perfeita. Bilac só não é extremamente fiel a forma e o conteúdo parnasianos por dar uma sutil pitada de romantismo em Via Láctea.
O poeta idealiza, encontra e perde a mulher amada e até conversa com as estrelas sobre seu sentimento. Na segunda estrofe do soneto XIII o céu estrelado é apresentado como um “pálio aberto”, o que indica a proximidade das estrelas com o autor; quando a manhã chega ele sente falta de suas companheiras em sua busca amorosa.
A Via Láctea é uma série de 35 poemas líricos nos quais são contados a busca do eu lírico pela mulher amada acompanhada pelas estrelas. No soneto III, logo no início, conta uma das