Análise de São Bernardo
Adriana S. Batista aborda inicialmente suas análises a respeito das provas aplicadas pelos municípios com intuito de preenchimento de vagas para professores da língua portuguesa. As análises são realizadas desde os editais, sendo possível averiguar nestes, o difícil acesso aos cadernos de questões utilizados pelos candidatos. Em alguns casos as instituições aplicadoras se valem de argumentos pautados em direitos autorais. Portanto “as questões que selecionam professores, embora integrem uma seleção pública, são materiais de circulação restrita, diferente do que ocorre dos editais.” (p. 72). A autora baseia-se em Authier-Revuz, na heterogeneidade mostrada, para análise dos trechos usados nas questões das provas, que seria a presença de outras vozes de forma marcada, e também em van Dick, pois segundo ele, “os discursos são ideologicamente marcados de modo a estabelecer a posição ideológica daquele que enuncia (Nós) frente ao outro (Eles)” (p. 75). Mais adiante, no tópico que relata a presença da gramática normativa, Batista discorre sobre as questões de língua portuguesa presentes nas provas que não passam de verificações de acertos e erros focados na norma padrão, não considerando as demais variantes da língua. E a partir das perguntas analisadas, pode-se encontrar forte indício da ideologia presente nas instituições, que tem como imagem do professor de português, consequentemente do ensino da língua, um profissional verificador de frases corretas e incorretas, a partir somente da variante padrão. A autora, ainda no tópico mencionado acima, aponta paradoxos, como o não uso da norma padrão de forma correta (grifo da autora) pelas próprias instituições aplicadoras das