Análise de duas cantigas
A cantiga de Martin Codax é uma cantiga de amigo, pois mostra o eu lírico a espera ansiosamente pelo seu amigo, entende-se que este eu lírico é uma mulher, isso é bem característico desse tipo de poema. Essa cantiga possui um paralelismo e refrão, são recursos próprios do texto que servem para serem cantados e que propiciam facilitação de memorização, direcionados para os povos menos instruídos da época.
Ondas do mar de Vigo, A se vistes meu amigo? A e ai Deus, se verrá cedo? B
Ondas do mar levado, C se vistes o meu amado? C e ai Deus, se verrá cedo? B
Se vistes meu amigo, A o por que eu sospiro? A e ai Deus, se verrá cedo? B
Se vistes meu amado, C o por que hei gram coidado?C e ai Deus, se verrá cedo? B
As coblas são pareadas, podemos perceber na 1° cobla (vigo/amigo) repetindo o esquema em todas as outra, está claro o uso de dobre em todas as cobla, em todas as estrofes a série de rima é a mesma, coblas são uníssonas. Há o emprego de leixa-prem seguindo este esquema rigorosamente, por isso é um paralelismo perfeito. A cantiga apresenta um paralelismo estrutural, pois a construção sintática e rítmica se repete, substituindo a palavra rimante por um sinônimo, temos o exemplo da primeira e segunda estrofe, onde o que muda é apenas duas palavras, mas com sentidos iguais, sinônimos, (vigo/levado, amigo/amado).
Cantiga 4
A cantiga de D. Dinis é uma cantiga de maldizer, pois traz uma sátira direta e sem duplos sentidos, nesse caso o trovador se dirige diretamente a Joam Simiom, satirizando certos aspectos da corte, com palavras claras e diretamente ofensivas.
D. Dinis
Deus! Com'ora perdeu Joam Simiom A três bestas - nom vi de maior cajom, A nem perdudas nunca tam sem razom: A ca, teendo-as sãas e vivas B e bem sangradas com [boa] sazom, A morrerom-lhi toda[s] com olivas. B
Des aquel[e] dia em que naci