Análise de contos
O conto tem do início ao fim o foco narrativo em terceira pessoa. A fábula coincide com o enredo do conto, seus acontecimentos seguem de forma linear, com o tempo cronológico. O narrador apresenta onisciência seletiva no terceiro parágrafo: “O homem lhe deu uns tapas, que tivesse mais cuidado”, e também no sexto: “Bebeu no botequim: ali não havia homem. (...) Ai de quem protestou”, recorrendo à mente do personagem Miguel. Esses trechos recorrem a o estereotipo de um casal onde o marido bate na mulher, seguindo uma noção machista e antiga, porém que ainda pode se encaixar nos dias atuais.
São apontados dois protagonistas (Miguel e Elvira). A história se passa num contexto rural. A casa dos cônjuges, o bar e a casa dos pais de Elvira são os lugares que compõem o espaço do conto.
O protagonista Miguel se transforma de um personagem plano a um redondo, na concepção de Foster, pois vai adquirindo complexidade e mudando de comportamento: “Primeiros tempos viveram em boa paz. Nasceu a criança e, como era doentinha, passaram a discutir” e como conseqüência disso, o personagem começou a se embriagar, partindo desse momento a se tornar violento e agressivo com sua mulher. A caracterização de Miguel é feita de forma direta: “Era pequeno e magrinho, só quando bebia perigoso e muito ligeiro”. Descreve a criança utilizando os substantivos no diminutivo para conduzir o leitor a ter pena dela, como em “doentinha”, e “filhinho”, dando uma impressão de o filho ser mimado, tanto por Miguel quanto pela sogra.
Há apenas um discurso direto em todo o conto, que ganha destaque, a fala do sogro de Miguel (“—Acertei uma boa!”) e que acontece na cena de ação do conto, o encontro de Miguel e seu sogro, que resulta na morte do protagonista, dando fim na ação entre os dois.
No último parágrafo, Dalton utiliza a palavra “conhecer” em “...morria sem conhecer a mulher que lhe sustentava a cabeça...” com dupla intenção: a de dizer