Análise de Carr
O estudo das Relações Internacionais, como ciência, teve seu início no período entre guerras (1919-1939), a fim de gerar as condições políticas e jurídicas para que a guerra não voltasse a acontecer. Embora houvessem Estados Nacionais desde o século XVII, o estabelecimento de um campo das relações internacionais tardou a se estabelecer, pois, em um primeiro momento, houveram muitas necessidades práticas. A primeira delas era garantir que o Estado Nacional existisse, postergando-se, assim, a criação de um campo de estudo das Relações Internacionais, relegando tal atividade à camadas restritas da sociedade (militares, diplomatas, soldados etc.) Todavia, após a primeira Guerra Mundial, a vida política internacional passou a ser de interesse nacional, uma vez que acreditou-se que uma das causas da Guerra foram os tratados secretos assinados entre autoridades militares e políticas, com grande autonomia, com interesses inconciliáveis com a variedade de tratados assinados entre os países. O surgimento das Relações Internacionais como ciência foi uma demanda popular, que visava popularizar a política internacional, a fim de evitar que a vida de milhões de pessoas ficassem sob o cuidado de uma minoria. Essa criação veio acompanhado de um ideário utópico. Isso ocorreu pois , ao contrário das ciências naturais, não se objetivou a análise de fatos, mas à um desejo: o de evitar uma nova guerra. Os utópicos acreditavam na possível intervenção nos fatos que sucediam e estudavam, podendo assim, adaptar o mundo aos seus ideais. A corrente realista, por sua vez, acredita que deve –se estudar, primeiramente, os fatos, os quais não se pode influir, e assim, adaptar seus credos aos fatos. O estudo das Relações Internacionais foi, primordialmente, considerado uma disciplina científica teórica, devido às suas raízes utópicas.