Análise da ética no filme o jardineiro fiel
O filme mostra, de certa forma, o melhor e o pior do homem. De um lado, uma grande empresa farmacêutica utiliza pessoas do continente africano como cobaia. De outro lado, uma mulher luta, clandestinamente e quase solitariamente, contra esta empresa. Sua luta é obstruída, no entanto, pelo capitalismo em sua forma mais plena, massacrante para maioria pobre e benéfica para minoria rica. A ética pode ser definida como um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social. Ela é universal e a moral está submetida a ela. Não existe, portanto, uma ética individual. Ao se utilizar uma população para testes farmacêuticos, sem dar-lhes direito de escolha, a empresa está ferindo não apenas a ética como a autonomia desta população.
A ruptura de qualquer parâmetro ético de pesquisa clínica é uma constante e um dos pontos centrais da trama do filme. O assassinato através de mercenários profissionais de alguns soma-se ao assassinato de centenas, pelos efeitos colaterais da droga experimental. Não há a menor consideração em informar às pessoas que estão sendo incorporadas ao projeto de pesquisa. Seres humanos são objetos, condicionados sob ameaças e imposições a aderirem ao experimento, sob pena de serem excluídos, e toda a sua família, de qualquer outro tipo ou oportunidade de atendimento à sua saúde. A vulnerabilidade de uma população dócil e miserável é utilizada como instrumento de sua manipulação para os fins da pesquisa, puramente pelos interesses da indústria farmacêutica e do mercado de medicamentos.
A questão de como se constitui o poder em torno de interesses econômicos e políticos instituídos é também uma denúncia consistente do filme. Mostra a antítese