Análise da personagem “Don Juan” de Molière
Molière alimenta a ambigüidade sobre suas intenções ao descrever um personagem que não é totalmente negativo: é inteligente e valente. Em seus duelos verbais contra Leporelo, contra seu credor e contra seu pai, vence por larga margem. Por outro lado, seu cinismo e sua hipocrisia foram feitos para causar repugnância no espectador. De fato, a peça é uma reflexão sobre a libertinagem e seus excessos. Molière é partidário do livre pensar, mas respeita as convicções religiosas. Ataca fundamentalmente todas as formas de hipocrisia, tanto a do devoto como a do libertino, capaz de tudo para satisfazer seus instintos. O final de Don Juan serve de conclusão moral: o cinismo e a hipocrisia do personagem são castigados com a morte. O personagem Leporelo age como contraponto, serve para dar humanidade e comicidade ao texto.
Don Juan surge concretamente no limiar do séc. XVII, na comédia espanhola criada por Gabriel Tellez, conhecido por seu pseudônimo Tirso de Molina, intitulada "El burlador de Sevilla". Nesta primeira e esmagadora versão já se pode sentir que não se trata de um herói, mas de