Análise da personagem do conto "Dôia na Janela", de Roberto Dumond.
373 palavras
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O conto Dóia na Janela, do escritor Roberto Dumond, apresenta o drama da jovem Dóia, representando o tênue limite entre a realidade e a fantasia. Todo contexto da jovem é permeado por diversas contradições. Imersa num local, que aparentemente é uma clínica psiquiátrica, a garota, movida da sociedade e do convívio da família, permanece ligada por meio dos mais diversos meios, “tão perto da sua janela e, ao mesmo tempo, tão longe”. Por meio da pequena janela, “cheia de cores e vidas”, Dóia parece buscar contato com a realidade da qual está excluída, e da janela fica a imaginar diversas situações que poderia viver naquele mundo.No conto Dóia é fortemente marcada pelas cores e construtos irreais: podia voar/sonhar com sua luneta. “Assim, das grades, ia além e alcançava a liberdade. Como Dôia podia voar, puseram grades na janela [...] Quando levaram Dôia para aquele quarto, ela olhava da janela com seus olhos cor de bala de menta. Depois o irmão de Dôia teve a idéia de trazer a luneta que foi do avô. [...] Com a luneta, Dôia olhava o céu e tinha esperança de ver um disco voador.” (p. 11-12).
Temos ainda outros traços/sinais, que reforçam comportamentos psicóticos da personagem. No final, Dóia “se depara” com uma cena que imediatamente modifica seu rumo. Pois, afirma ter visto um assassinato, uma crucificação e ao que parece, acaba a ser “condenada” a permanecer naquele local. “Nos 385 dias que ainda ficou ajoelhada olhando da janela, Dôia nunca se esqueceu do Cristo de cueca Zorba laranja, parecido com Alain Delon. Ele costumava aparecer nos sonhos de Dôia transformado numa rosa loura como os cabelos de Robert Redford.”
Com base de todos os sinais apresentados no decorrer do conto, trata-se de um quadro psiquiátrico, marcado por sintomas psicóticos positivos: alucinações auditivas e visuais, delírios, que pode ser proveniente de uma recordação para a qual o paciente dá uma nova interpretação, como na visão de Dóia, sobre a crucificação. Dessa forma, temos