Análise da música "Haiti" do Caetano Veloso
767 palavras
4 páginas
A música “Haiti” escrita pelo Caetano Veloso e pelo Gilberto Gil, por volta do início dos anos 90, faz uma alusão (referência) à situação decadente do próprio Haiti. Além de ter sido o primeiro país a ter conquistado a independência na América Latina, o Haiti foi a única nação, desde a Antiguidade, que teve uma revolta de escravos bem sucedida. Em função disso, o Haiti possui uma população descendente de escravos que é extremamente pobre. A partir desse contexto, os compositores desenvolveram a letra dessa música com o objetivo de demonstrar a realidade brasileira em paralelo à realidade haitiana. Dito isso, é possível perceber que “Haiti” fiz respeito à discriminação racial e socioeconômica. Nos primeiros versos da música o “eu lírico” inicia um diálogo com um “você” que pode ser interpretado como um cidadão branco da classe média alta. Durante a música esse cidadão se encontra na parte de cima da Fundação Casa de Jorge Amado assistindo às atrocidades ocorridas no Largo do Pelourinho – centro histórico da cidade de Salvador onde criminosos eram expostos e castigados. Ou seja, assistindo à cena em que os soldados castigam os malandros: “Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos; Dando porrada na nuca de malandros pretos”. O verso citado exemplifica a questão da hierarquia social ao enfatizar o fato de que tanto os soldados quanto os criminosos eram negros, entretanto somente os “pretos” pobres e malandros eram tratados com discriminação. Além disso, o verso “E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados” evidencia o fato de que a discriminação socioeconômica também era presente em tal realidade, pois mesmo aqueles que eram “quase brancos” eram castigados de maneira desumana por serem pobres. Já o trecho “E não importa se os olhos do mundo inteiro; Possam estar por um momento voltados para o largo” demonstra que a classe privilegiada não importava se o mundo inteiro estava vendo as atrocidades cometidas no Pelourinho, já que as festas