Análise da linguagem e as diferenças sociais
A língua é um organismo vivo, que se transforma e apresenta uma enorme diversidade. Não apenas devido à multiplicidade das línguas, mas também à realidade de uma língua em particular. Segundo a autora Rosana Paulillo, as pessoas têm a imagem de que a língua é um sistema estável e fixo, “mas essa imagem do estado atual da língua como algo homogêneo, idêntico a si mesmo, em que as mesmas formas se repetem a cada ato de linguagem também não corresponde à realidade. Pois, se prestarmos atenção às realizações lingüísticas concretas, veremos que a linguagem dos indivíduos de diferentes regiões ou de diferentes grupos sociais se caracteriza pela diversidade das formas de expressão e dos modos de enunciação.” Logo, essas variações podem ocorrer por diversas razões: regionais, determinadas por fatores geográficos; situacionais, determinada pela situação de uso da língua; históricas, determinada pela passagem do tempo que pode tornar obsoleto ou freqüente alguns termos; e sociais, que nos preocuparemos em estudar mais profundamente com este trabalho, focando a língua portuguesa utilizada no Brasil. A variação social acontece entre falantes de diferentes classes sociais dentro de uma mesma região. Os indivíduos acabam falando de forma heterogênea dentro de seus grupos, “não só porque sua linguagem vai refletir os diferentes universos que constituem suas vidas, mas também porque as formas lingüísticas que caracterizam a fala de indivíduos de classes sociais diferentes não são as mesmas”. De forma bastante elitista e preconceituoso, muitos crêem que indivíduos de classes socialmente mais favorecidas falam “mais corretamente” do que as pessoas de classes menos favorecidas. No entanto, essa é uma visão bastante polêmica, debatida exaustivamente por lingüistas e especialistas não somente do Brasil, mas também do mundo. Apesar de existirem muitas normas que circulam socialmente, os lingüistas identificaram uma determinada norma como a correta e passaram a