Análise da caverna
As entrevistas e monólogos em tom muitas vezes didático, comuns aos documentários que abordam temas científicos, estão presentes e impulsionam a trama de A Caverna dos Sonhos Esquecidos. Não creio que seja um demérito, partindo do principio da dificuldade em não manter esse tipo de estética narrativa como alicerce em um apanhado documentarial ontológico. No entanto, Werner Herzog, que também assina o roteiro, como realizador inquieto e audaz, imbui sua obra de uma bem-vinda aura artística, reverenciado intencionalmente os homens que pintaram as impressionantes imagens rupestres, datadas em trinta e dois mil anos, que revestem as paredes da Caverna de Chauvet. Essas características que procuram evadir de uma pegada apenas convencional surgem, primeiramente, da voz imponente e gutural de Herzog que narra o filme em tom desafiador, da trilha sonora melancólica pontuando boa parte da trama e da utilização de recursos de câmera prodigiosos, como vistosos travellings.
Começando com a exploração interior da Caverna de Chauvet, mostrando sua