Através da leitura da carta de Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manoel podemos observar que além de ser um parecer descritivo, o autor, mesmo preocupado em tentar manter se imparcial a tudo aquilo que vê, acaba deixando em destaque em diversos trechos da mesma seu ponto de vista e opiniões de tudo que enxerga ao chegar nas terras brasileiras. Na frase ‘para aformosentar nem afear, aqui não há de pôr mais do que aquilo que vi e pareceu’ Caminha já se contradiz com o ideal principal de sua carta, ou seja, informar o rei das prováveis riquezas das terras descobertas, passando uma ideia de que por mais que tente se manter imparcial, acabará evidenciando sua visão e impressões. Partindo da ideia de que a carta, por ter como papel principal informar e por isso, não ser considerada literatura para alguns autores, Caminha, com sutileza, acaba tornando sua carta muito além de um parecer descritivo, deixando assim duvidas sobre esta questão. O autor da carta descreve com detalhes minuciosos a primeira visão que teve dos índios, ‘ Pardos nus, sem coisa alguma que lhes cobrissem suas vergonhas’ detalhando também o primeiro contato que tiveram com os mesmos. Novamente sua opinião é observada quando o autor caracteriza os habitantes da terra descoberta como pessoas de boas feições ‘ de bons rostos e bons narizes, bens feitos’ mostrando a seguir sua opinião em relação a andarem nus ‘ Acerca disso são de grande inocência ‘. Caminha descreve o primeiro contato físico com os índios, salientando a falta de ‘cortesia destes por não demonstrarem nenhum sinal de cumprimento, descartando uma provável cultura que os mesmos poderiam ter. Tirando conclusões dos gestos que os índios fizeram ao enxergar os objetos que lhe foram apresentados, na frase ‘ Isto tomávamos nós nesse sentido, por assim o desejarmos’, Caminha quase decreta suas reais intenções ao enxergar a terra interpretando a sua maneira á vontade dos índios. Um detalhe importante da carta, é