Análise comportamental
Sendo o autoconceito da criança definido por seus comportamentos autodescritivos, ou seja, por comportamento verbal, analistas do comportamento poderiam considerar o autoconceito como um comportamento verbal autodescritivo.
Para Skinner (1957/1978) o comportamento verbal é um comportamento reforçado pela mediação de outras pessoas. Para ele o falante também é o ouvinte, ele qualifica, ordena ou elabora seu comportamento no momento em que ele é produzido. "O ouvinte e o falante, quando são uma única pessoa, se engajam em atividades tradicionalmente descritas como pensamento" (p.26). A análise do comportamento verbal e dos seus efeitos sobre o ouvinte leva à questão do papel do comportamento verbal sobre o autoconhecimento.
Catania (1999), em uma leitura contemporânea de Skinner, define comportamento verbal como sendo qualquer comportamento que envolva palavras, in-dependente da modalidade (por exemplo: falada, escrita, gestual). Envolve tanto o comportamento do ouvinte, modelado por seus efeitos sobre o comportamento do falante, como o comportamento do falante, modelado por seus efeitos sobre o comportamento do ouvinte. "O campo do comportamento verbal está interessado no comportamento de indivíduos, e as unidades funcionais de seu comportamento verbal são determinadas pelas práticas de uma comunidade verbal" (p.392). Pode-se dizer que a comunidade verbal primeira à qual a criança está exposta é a díade parental ou seus cuidadores correspondentes.
O mesmo autor (Catania, 1999) define comportamento encoberto como sendo aquele que não é observado ou observável, logo somente pode ser inferido. Também pode ser um comportamento intraorganismo, mas de tal modo ou em uma escala tão pequena, que não se pode registrar, ou só se pode fazê-lo com equipamentos especiais. São exemplos de encobertos: "pensar ou contar para si mesmo, talvez inferido de um relato verbal ou de contrações musculares muito pequenas para produzir