Anáfora
O estudo que realizámos teve por base a perspectiva teórica que define uma expressão anafórica como uma expressão cuja interpretação dependente necessariamente de uma outra expressão (ou outras expressões) inserida(s) no contexto verbal antecedente (endofórico).
Ao privilegiarmos o processo de compreensão da anáfora associativa, considerámos a existência de dois grandes grupos no domínio das anáforas indirectas: o grupo das anáforas associativas e o grupo das anáforas não associativas. Relativamente à polémica em torno da anáfora associativa enquanto fenómeno formal e/ou semântico e enquanto fenómeno discursivo-conceptual, analisámos as diferentes concepções relativamente à natureza e características da relação anafórica associativa, nomeadamente o uso restrito (ou não) de certos determinantes no termo anafórico; a existência (ou não) de relações preestabelecidas armazenadas no léxico; a maior ou menor influência dos processos cognitivos na resolução da anáfora e a omnipotência (ou não) do texto na sua resolução.
Assim, embora consideremos que as configurações associativas assentam numa relação semântica, cremos que postular a exclusividade do conjunto de instruções de natureza léxico-semântica para explicar as relações anafóricas associativas é demasiado redutor. A perspectiva que defendemos é a de que a resolução do processo anafórico associativo se baseia num cálculo de natureza inferencial que envolve primordialmente factores léxico-semânticos, mas também factores textuais e conceptuais 1. INTRODUÇÃO O trabalho de investigação que se apresenta tem por objectivo reflectir acerca do processo de compreensão do funcionamento da anáfora associativa, inserida no quadro geral do fenómeno anafórico, ao nível do términos do 3º Ciclo do Ensino Básico (9º ano) e do términos do Ensino Secundário (12º ano), em Portugal.
Figueiredo (2000: 1231)